Teoria, projeto e plano urbano: do vivido, pelo percebido, ao concebido

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Este documento é uma publicação do LAB. Trata-se de uma abordagem ao conceito de espaço compartilhado. Longe de ser um manual técnico ou um conjunto de ferramentas de implantação , pretende abrir a discussão sobre os desafios e oportunidades do modelo de Ruas Compartilhados. Para a criação da ideia de Ruas Compartilhados, procurou-se reformular o entendimento de que diferentes disciplinas têm na rua. Apresenta uma série de exemplos de cidades europeias e norte-americanas, bem como algumas recomendações para a implementação.

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Mudar a vida, “mudar a sociedade”, isso não quer dizer nada se não há produção de um espaço apropriado. Mudar a vida vinda dos poetas e filósofos, formulada como utopia negativa, cai no domínio público, ou seja, político. Ela se difunde degradando-se em palavras de ordem política: “viver melhor, viver de outro modo, qualidade de vida”. O projeto de “mudar a vida” permanecerá um slogan político, ora abandonado, ora retomado, enquanto persistir a cotidianidade no espaço abstrato com seus constrangimentos muito concretos, enquanto houver tão somente melhorias técnicas de varejo (horários dos transportes, rapidez, conforto relativo), enquanto os espaços (de trabalho, de lazer, de habitação) permanecerem separados e reunidos apenas pela instância política e para seu controle (Lefebvre, 1974).

Peguei a folha e tive entre os dedos nada menos que a cidade de Brasília inexistente e completa, como um germe contém e resume a vida de um homem, uma árvore, uma civilização. Era um rabisco e pulsava (Carlos Drummond de Andrade, 1955).